Joãozinho Retratista
João Teixeira Lôbo nasceu em 8 de março de 1897, em Itabaiana (SE). Ele fez uso da luz para congelar, gloriosamente, seu tempo e seu nome na história de Sergipe, foi porque seu pai era quem acendia os lampiões antes da iluminação elétrica chegar à cidade.
A paixão de Joãozinho Retratista pela fotografia começou quando ele ainda era o assunto. Posicionava-se em frente à câmera de Teixeirinha, seu padrinho e primeiro retratista sergipano, como quem se posicionava diante da História. Ali, logo nos primeiros anos do século XX, aquele menino de 12 anos se sentia livre para sorrir e fazer poses espontâneas quando as imagens ainda seguiam um rigor formal. "Padim, tira foto di ieu!", ecoava seu grito no mesmo lugar onde, em tempos diferentes, foi retrato e retratista: o Photo Nacional (fundado por Teixeirinha), que depois viria a se chamar Photo Lobo. No intervalo entre ser o assunto e ser o autor, também foi aprendiz de farmacêutico, suplente de promotor e ourives.
Fotografia e arte eram inseparáveis para o Mestre. Retocava com lápis de grafite as chapas de vidro que produzia, corrigindo manualmente as imperfeições. Também pintava os painéis que usava na própria cenografia, onde uma pequena escadaria com flores nunca deixou de marcar presença; palco dos mais sagrados e profanos gestos. Os retratos não quebravam apenas a quarta parede, mas demoliam fronteiras para fazer da cidade o cenário principal. A sociedade da época não conseguia entender como era possível deixar de lado o lucro dos retratos familiares para registrar, sem receber nada em troca, uma memória coletiva. Assim como na maioria dos retratos nos quais é visto fotografando, Joãozinho foi um cinturão fora de sua própria cintura. Nas palavras do escritor Robério Santos, ele foi capaz de "captar a alma da praça Fausto Cardoso"; feito que "nenhum fotógrafo conseguiu".
Em 1929 que João Teixeira Lôbo disse, em voz alta, que se tivesse a oportunidade de fotografar a passagem dos cangaceiros por Sergipe, iria. Joãozinho viajou para o interior do estado para fazer o retrato que o grupo de cangaceiros queria enviar aos seus familiares. Segundo relatos, o fotógrafo percebeu um furo do lado direito do fole, que precisou tapar com o dedo às pressas. Por medo de dizer que a foto poderia não sair boa e, deparando-se com tantas armas apontadas para ele, negociou: "Só faço a chapa se vocês virarem um pouco para o lado essas armas, não gosto de violência." Luiz Pedro solta uma piada: "Oxe, homem, e esse canhão aí não atira foto?". Todos riram. A história virou lenda em Itabaiana, até que o retrato foi encontrado em 2011. Lampião aparece com menos nitidez. Joãozinho faleceu em 22 de novembro de 1982, aos 85 anos, devido a uma parada cardíaca.
Principais trabalhos
Alba, Vladimir (com um ano) e João Bosco Souza Carvalho, 1951.
Foto feita da torre do Relógio da Praça Fausto Cardoso.
1935
Lampião e os Cangaceiros no interior de Sergipe, 1929.
Fontes de pesquisa
SANTOS, Robério Barreto. Joãozinho Retratista, o mestre da fotografia. Itabaiana - SE. 2011. 96 p.
SANTOS, Robério Barreto. Joãozinho Retratista e os Cangaceiros. In: O Cangaço em Itabaiana Grande. Disponível em: http://cangaconabahia.blogspot.com/2014/10/joaozinho-retratista-e- os-cangaceiros.html. Acesso em setembro de 2022.